Prêmio Contos Cidade Maravilhosa

RESULTADO DO PRÊMIO DE CONTOS ABAIXO

INSCRIÇÕES ENCERRADAS DIA 29.05.2022 - O RESULTADO SERÁ PUBLICADO NESTA PÁGINA ATÉ O DIA 10.06.2022 - COLOCAÇÃO - CONTOS VENCEDORES E NOME DO AUTOR - E-MAIL -  Enviaremos os prêmios no máximo em até 60 DIAS.


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LISTA DIVULGADA ABAIXO:

Prêmio de Contos
Introdução (Contra Capa do e-book pela Revista Editais Culturais)
Há muito tempo, numa aldeia não tão pequena assim, todos se conheciam, porém esta aldeia era visitada todos os dias por viajantes, pois ela ficava em um local de passagem para outras cidades maiores ainda, os três primeiros contos colocados completa esta história, os viajantes batiam de porta em porta para pedir água e alimentos e as vezes moedas de valor da época, existia uma casa, uma das mais antigas do vilarejo, com um dos moradores mais antigos, Sr. Mal Quisto, e ficava na entrada da aldeia, muitos batiam lá primeiro e o senhor que lá residia era dito como rico e nunca atendia quem lá bate-se, e todos os moradores da cidade achava um absurdo isto acontecer, e muitos da aldeia ajudavam os viajantes, sendo um deles o dito Sr. Bondoso Homem o que mais ajudava, cedendo água, comida e roupas aos viajantes, e todos diziam ele ser o homem mais bondoso dali, e o senhor um dos mais antigos um horror por não ajudar quem lá batia primeiro, e este senhor ficou doente e todos diziam bem feito, quem manda ser mesquinho, foi então na quase morte do homem que o seu melhor amigo declarou, que um dia já precisou daquele homem dito mesquinho e a vila era nova, desde então ele me fornece sem ninguém saber todo agrado aos que chegavam ali na aldeia, na verdade ele era também sustentado por aquele que acusaram ser mesquinho, mais que antes de morrer ficaram sabendo depois de muitos anos declarar ser ele mesquinho que na verdade ele era quem doava ao dito bom acolhedor tudo que lhe pertencia.
Moral da História: Ser bem quisto não é conhecer todos, mais saber por que todos existem. A hierarquia tem de ser respeitada, assim como sábios, e homens que com coração fazem o Bem pelo Bem, Deus capacita o Ser Humano não para que seja melhor do que o outro, mais para servir o Divino.
Este Conto tem origem do Maktube Árabe (Introdução pela Revista Editais Culturais - Contra Capa do E-book)

TERCEIRO COLOCADO
Nome: Mauro André Oliveira
NOME DO CONTO: Circunstanciais imperfeições das pessoas de bem
Nome Mauro André Oliveira
Pseudônimo Tony Dark
E-mail mauro.andre2013@gmail.com
Mini Biografia do autor Bacharel em direito e graduando em Letras, o autor é natural de Itapipoca, Ceará, mas vive em São Paulo, onde trabalha como Policial Civil. Além da prosa, também se dedica ao cultivo da poesia, já tendo sido premiado em alguns concursos literários, com obras selecionadas e publicadas em antologias de diversas editoras e revistas literárias.

QUARTO COLOCADO
NOME DO CONTO: Abandono
Nome CIBELY AGUIAR DE SOUZA SALA
Pseudônimo Bei
E-mail recriareditorial@gmail.com


QUINTO COLOCADO
NOME DO CONTO: A MENINA DE BOTINHAS
Nome Elaine Gomes de Castro
Pseudônimo Nany
E-mail lainycastro@bol.com.br


SEXTO COLOCADO
NOME CONTO: MEU AMIGO NARÚ
Nome Daniel de Moura
Pseudônimo Daniel de Moura
E-mail danield_moura@hotmail.com


SÉTIMO COLOCADO
NOME DO CONTO: PESCADOR DE SEREIAS
Nome Ivete Rosa de Souza
Pseudônimo Rosa dos Ventos
E-mail iveterosad@gmail.com

OITAVO COLOCADO
NOME DO CONTO: UM DIA ESPECIAL
Nome Laura zacaron santos lawall
Pseudônimo Laura lawall
E-mail lszacaron@gmail.com


NONO COLOCADO
NOME DO CONTO: UMA NOVA CHANCE
Nome Leonardo Júnior
Pseudônimo Leo Junior
E-mail leonardojunioir@gmail.com

DÉCIMO COLOCADO
NOME DO CONTO: PLANTADOR DE ROSAS
Nome Hosane Henrique Lucas de Souza
Pseudônimo Azul
E-mail henriquelucas1513@hotmail.com

DÉCIMO PRIMEIRO COLOCADO
NOME DO CONTO: ESTAS TERRAS TEM HISTÓRIA - AMOR E ÓDIO
Nome ANGELA MARIA TAVARES
Pseudônimo morena romantica
E-mail tavaresangelamaria@yahoo.com.br

DÉCIMO SEGUNDO COLOCADO
NOME DO CONTO: Minha vovó Portuguesa
Nome Manuela Dias Arello
Pseudônimo Manu Dias Arello
E-mail arello.manu@gmail.com

DÉCIMO TERCEIRO COLOCADO
NOME DO CONTO: QUANDO FECHO MEUS OLHOS
Nome Gabriela Oliveira
Pseudônimo Gabs Estivalet
E-mail gsoliveira4@outlook.com.br

DÉCIMO QUARTO COLOCADO
NOME DO CONTO: GALINHA ANGOLA
Nome Valdemir Pereira Barbosa
Pseudônimo Liior Medeiros
E-mail valdemirpbarbosa@gmail.com


OS QUATRO PRIMEIROS CONTOS SELECIONADOS ESTÃO ABAIXO E A PARTIR DE 15.08.2022 SERÁ PUBLICADO TODOS CONTOS PARA LEITURA DO PÚBLICO EM GERAL.

Corpo fechado
De todas as histórias contadas por meu pai, algumas desengavetam retalhos de vida de um povo. No intervalo dos chimarrões degustados nas varandas de minha casa de infância, os contos de meu patriarca entram destemidos em meu ser, trazendo toda a essência de nossos antepassados.
Corpo fechado, meu preferido, eram repetidas contações, onde o protagonista ilustre das aventuras, seria meu avô materno, Bertulino. Homem forte, robusto, a figura do caboclo oriundo da mistura do negro, do indígena e do alemão. Era astucioso, lendário e líder de uma comunidade no interior de Santa Catarina. Um metro e noventa de homem valente, porém, inteligente e instruído pela sua companheira, a experiente Gertrudes, na época professora formada, vinda da capital, que aos seus quarenta anos encantou-se com aquele "menino caboclo" de dezoito anos.
Era começo do século XX, uma década e meia após uma terrível guerra na região, a famosa Guerra do Contestado, o povo ainda recolonizava e os poucos caboclos que restavam nas matas, misturavam-se a colonizadores vindos da Europa, a madeira ainda persistia, resistia, após saques das empresas estrangeiras que devastavam parte das nobres árvores que contornavam as paisagens, imbuias, pinheirais, enfim, as exuberantes relíquias de nossas terras, foram em partes saqueadas naquela época, restando assim, resquícios da fauna e da flora.
Mas meu avô ainda tinha esperanças na colônia, o clima era de conflitos ainda, homens faziam suas próprias leis, nas miras de seus revólveres, Colts, Winchesters, Hos, Schmidts, muitas dessas armas trazidas pelos norte-americanos durante o Contestado (guerra conhecida como "guerra dos jagunços"). Bertulino fazia uso de armas, cavalos de raça e de seus cães de estimação- enormes buldogues-, por onde passava, era respeitado, nos vilarejos, avistava-se sua chegada, como se fosse um ritual, os cavalos enormes, alguns da raça inglesa e árabe, montados por aquele homem, com chapéu de aba larga, bombachas, botas lustradas, revólver na cintura e claro com os dois cães que eram parte de sua alma, de sua vida, de seu destino.
Respeitado por muitos, odiado por alguns, tornou-se político, empresário e fazendeiro, por muitas vezes enfrentou a fúria de pessoas que premeditavam traições e emboscadas...
Nos causos de muitos, principalmente de meu pai, as emboscadas surgiram depois que ele sofreu um atentado em um dos bailes de aniversário na região, num desentendimento, foi ferido por arma branca, mas socorrido a tempo, aquele ferimento não foi suficiente para impedir sua missão de vida.
A fama de corpo fechado foi ganhando holofotes, após cada emboscada sem sucesso. Uma delas foi a fortíssima intuição que aquele homem possuía, pois certo dia resolve fazer uma viagem até a cidade próxima, como de costume levava um empregado de seu armazém para ajudá-lo a conduzir os cavalos atrelados à carroça, no caminho, seus inimigos sabiam dessa viagem, e perto de uma porteira espreitavam escondidos. Pouco antes de passar pelo local, Bertulino decidiu dar as rédeas dos animais ao companheiro de viagem e deitou em sua carroça para descansar, então passa pelo local da espera, sem que aparecesse na condução. A mira inimiga, confusa, sem saber o que fazer, simplesmente abandona o ato da fracassada emboscada. E foi assim que "o homem de corpo fechado", foi colecionando façanhas narradas de suas escapadas de mãos inimigas.
Com o decorrer dos anos, Gertrudes envelheceu, se aposentou, e o deixou, indo embora. Tempos depois, meu avô conhece uma jovem muito bonita, chamada Alzira, vinda do Paraná, moça nova, que se tornou sua esposa e mãe de seus oito filhos, acompanhando a agitada vida e aventureiras rotinas daquele homem em solo caboclo. Em seu corpo experiente foram calejando cicatrizes das artimanhas traidoras, ecoando nos povoados, as feitas e as escapadas do poder das pessoas que o queriam morto.
A morte não dava trégua e seguia destemida e traiçoeira os passos do dono daquele corpo blindado, e mais uma vez vem à espreita, e um dos últimos atos sofridos o aguardava. Bertulino e seu cunhado Manuel, estavam medindo uma roçada, perto de um caminho que unia duas colônias, e em voz alta, combinaram de ir a um velório no outro dia pelas oito da manhã, mal sabiam que dentre os arbustos existiam ouvidos atentos.
No outro dia de manhã, os compadres, Manuel e Bertulino seguem ao caminho do velório, em exata oito horas da manhã, mas estavam acompanhados de um terceiro fiel companheiro, Guerreiro, um dos ilustres e estimado cão de guarda, quando o Buldogue toma a frente acoa em direção à mata, meu avô num impetuoso raciocínio, se joga atrás de um tronco de imbuia ( árvore nativa da região), e através de um oco da mesma, visualiza uma faceta rival, e num reflexo, atira com sua Winchester em punho, escuta uma apavorada correria e trocas de tiro, Manuel se esconde atrás de outras árvores e presencia aquela cena de West caboclo em pleno planalto norte do Sul do Br...Autora: Edilaine Fernandes Corrêa

SEGUNDO COLOCADO
A Perna da Cutia (pessoa que desvia o caminho)
O sábio Casturino sempre que via uma pessoa que dizia que ia para algum lugar e que no meio do caminho ia para outro e que até chegar ao lugar de destino já tinha passado por um ou mais lugares e deixava de fazer os seus afazeres ou atrasava ele logo dizia.
- Esse já pegou a perna da cutia.
Esse é um conto que o sábio Casturino ouviu quando era criança e ficou armazenado na sua memória assim como muitas outras estórias.
Antes de contar a nossa história vou contar para vocês a importância dos animais dessa historinha.
Os dois roedores que são os personagens principais da nossa historinha que são a Cutia e a Paca, são roedores de grande importância para o ecossistema da Amazônia, a Cutia, seu nome é de origem tupi-guarani que significa "o que se assenta para comer" e a Paca, seu nome é de origem tupi-guarani que significa "o que fica alerta", esses dois roedores saem para colher frutas e sementes e as enterram para comer depois, só que elas esquecem de voltar ou não acham mais o local e desenterrar para comer, assim as sementes acabam germinando, o que as tornam boas dispersoras de muitas árvores, enfim, elas acabam ajudando no reflorestamento de nossa floresta, e ajudam o ecossistema da floresta amazônica.
A Capivara outro roedor da mesma família da Cutia e da Paca, se alimenta de capim, seu nome é de origem tupi-guarani e significa "comedor de capim". O Jacaré-açu é um réptil, quando jovem se alimenta de insetos, caranguejos, caramujos e aranhas, na fase adulta se alimenta de peixes e mamíferos seu nome é de origem tupi-guarani que significa "o que é grande". A Formiga Tucandeira, é um inseto, é uma formiga carnívora que se alimenta principalmente de insetos e possui hábitos solitários, é conhecida por seu tamanho gigante e sua picada severa, seu nome é de origem tupi-guarani que significa "fere muito".
A estória é sobre a Cutia Zazá e a Paca Nina e a festa na floresta com os demais animais.
Um dia a cutia Zazá, elegante e faceira amavelmente pediu um favor para paca Nina, pois não tinha ninguém da sua família para olhar os seus filhotes foi então que ela pediu para sua amiga fazer companhia para seus filhotes e cuidar de sua casa enquanto ela estivesse fora para fazer os seus afazeres cotidianos que era colher frutas e sementes para alimentá-los.
A paca Nina, desconfiada e muita seria só ia fazer esse favor porque era a cutia Zazá, que era a única amiga de Nina pois ela não tinha amigos. A Zazá disse para a sua amiga - Fique aqui que eu volto logo é coisa rápida. - A paca Nina sabe que as cutias têm as patas traseiras maiores e andam aos saltos e são rápidas portanto ia ser rápido mesmo.
A Cutia Zazá sai da sua toca e foi colher os alimentos para sua família ela começa a percorrer a floresta e no meio do caminho ela encontra com a capivara Madá, conhecida de longas datas, a dona Capivara muito falante disse a amiga Zazá - Você conhece alguém na floresta que toque algum instrumento musical pois vou realizar uma festa e preciso de alguém que toque para animar a minha festa. - a amiga cutia disse - Sim, conheço o Jacaré-açu Janjão.
Janjão é um jacaré medroso e comilão e é amigo da cutia Zazá. Janjão é diferente dos outros jacarés ele é vegetariano (pode se dizer nos dias atuais, que ele é vegano) só come frutas, sementes e folhas. Ele toca quase todos os instrumentos musicais a única coisa que ele não faz é cantar pois é muito tímido só que até ele descobrir que tem uma voz brilhante e que ele canta muito bem, bem isso é uma outra história pra contar. Voltando a festa da dona Capivara, a cutia lembra da paca Nina que canta muito bem e ainda tem a formiga Tucandeira Juquita que dança muito bem.
Pronto a capivara Madá tinha o músico, a cantora, e a dançarina, só faltava eles serem convidados para festa. A cutia Zazá sai com a capivara Madá, a procura dos demais para tocarem, cantarem e dançarem na sua festa e em meio a isso esquece o que ia fazer.
Já na casa da Zazá a paca Nina já está chateada e reclamando muito pois já se passaram 2 horas e nada de chegar a cutia Zazá, meio desesperada e super estressada, ela dizia consigo essa Zazá vai me pagar, mais depois pensou, e pensou, e logo disse: deve ter acontecido alguma coisa, vou esperar mais um pouco ela deve estar chegando.
Enquanto isso a Zazá e a Madá seguem para a beira do rio e de longe avistam um enorme jacaré deitado a Zazá chega perto de Janjão e diz - Olá amigão como você está, vim fazer um convite pra você eu e minha amiga Madá.
- É o seguinte, vai ter uma festa na casa de Madá e ela precisa de alguém que toque para animar a festa, você aceita tocar na festa? Prontamente Janjão sacode seu enorme rabo e pula de feliz, dizendo - Aceito, aceito sim! - o que mais Janjão gostava além de comer e dormir era tocar.
Zazá, Madá e Janjão saem da beira do rio e seguem para dentro da floresta a procura da Formiga Tucandeira Juquita, procuram em pequenos pedaços de madeira sob os folhiços da fl...
Moral da história:
Cuidado! mesmo que você tenha as melhores intenções não desvie o caminho. Faça primeiro a que foi destinado a fazer faça por etapa se você cumpre algo e descumpre outro não é bom para você, nem para outro, uma das partes pode sair prejudicada.
É bom ter amigos verdadeiros mesmo que você pise na bola eles vão sempre está lá e nas horas que você precisar deles sempre vão ajudar você.

TERCEIRO COLOCADO
Circunstanciais imperfeições das pessoas de bem
Pseudônimo: Tony Dark
Retirou um filtro de barro de cima de uma mesa rudimentar de madeira que estava na cozinha, e a trouxe para a sala para acomodar o computador. Não era novo, mas ainda funcionava. Ana Cláudia sabia que não era possível privar sua casa de um item tão importante, sobretudo quando se tem filho em idade escolar. Encontrou-o casualmente durante uma faxina rotineira, jogado num canto qualquer ao deus-dará num depósito de trastes da empresa onde trabalhava. Um dia comentou com o Daniel da informática sua intenção de comprar um computador usado para ajudar seus filhos nas atividades escolares. Podia ser um velhinho, como aquele que havia visto abandonado no depósito. Passada uma semana, o jovem Daniel lhe ofereceu carona ao fim do expediente. Quando parou em frente à sua casa, abriu o porta-malas do carro e retirou um computador, aquele mesmo que jazia abandonado no depósito.
- É um presente da empresa - revelou Daniel, sorridente.
Além de transportar o computador no seu próprio carro, o prestativo Daniel ainda configurou e conectou a máquina à rede de internet da comunidade, e tudo sem nenhum custo para a humilde auxiliar de limpeza. Que moço bom, refletia Ana Cláudia, enquanto observava Daniel instalando o aparelho num canto do pequeno cômodo do barraco onde ela morava. Mesmo que ele não lhe tenha revelado, Ana Cláudia não tinha dúvida que partira de Daniel a iniciativa para a empresa contemplá-la com aquele mimo.
- Mãe, olha a senhora aqui no site - gritou Mayara, enquanto acessava o portal da empresa onde sua mãe trabalhava, com seu irmão menor ao lado com a mão no queixo e olhos fixos na novidade.
Ana Cláudia pegou uma cadeira e foi sentar-se ao lado da prole. Mãe solteira, dois filhos, favelada. Não reclamava, contudo, da vida que tinha. Pelo menos gozava de boa saúde, e o que não lhe faltava era disposição para trabalhar, de modo a proporcionar aos filhos bem-estar e esperança num futuro melhor. Conforme Mayara acessava as páginas de uma rede social da empresa, Ana Cláudia ia lhe indicando quem era cada uma das pessoas que assomavam na tela do computador. Quando a chefe do RH surgiu num canto do monitor, pediu para a filha segurar o mouse e pausar a projeção por alguns instantes.
- Essa é a dona Cristina Silveira, a chefe do RH - salientou, premendo o dedo sobre o écran. - Que mulher nojenta!
Com o brilho débil do entardecer invadindo a modesta habitação pelo vão da janela, ao mesmo tempo em que estampava na parede sem reboco a sombra de seu rosto, Ana Cláudia relembrou, com certa indignação, as adversidades que tinha que enfrentar no dia a dia. E tal pensamento irrompera de súbito à memória ao cotejar as condições de vida que o destino lhe reservara, em comparação com as oportunidades que certamente tivera Cristina Silveira, uma mulher bem-nascida e instruída nos melhores colégios e universidades. Nunca deve ter passado um perrengue na vida, ponderava. Nome sujo? Aluguel atrasado? Ônibus lotado? Dor de dente? Provavelmente, nem sabia o que seriam essas coisas.
Pouco tempo depois de ter ganhado o computador, um dia, ao iniciar seu turno de serviço, sobressaltou-se ao ver dona Cristina Silveira assomar no hall da empresa com um esgar diferente daquele invariável olhar de soberba que costumava ostentar. Cruzou o saguão em passadas largas, demonstrando certa apreensão. Não tardou, e os boatos correram os corredores anunciando que a toda poderosa chefe do setor de recursos humanos havia entrado na lista de colaboradores dispensáveis, expressão que ela mesma usava ao comunicar a um funcionário que ele estava sendo demitido. Antes que Cristina Silveira desocupasse a sala do RH onde se encontrava a fim de retirar alguns objetos pessoais, Ana Cláudia lá apareceu para realizar a faxina matinal.
- Oi querida, você pode me ajudar com estas coisas - suplicou à moça da limpeza ao seu lado, enquanto amontoava uma pilha de livros sobre a mesa.
Era a primeira vez que ela se dirigia daquela forma afetuosa à simplória Ana Cláudia. Quantas vezes com ela cruzava nos corredores, e nem ao menos um bom dia se dispunha a dar? E aquela postura petulante, expressa num olhar presunçoso, num caminhar firme, empertigado, sem se importar com o subalterno que passava ao lado? Agora era outra pessoa. Não conseguia esconder o abatimento, a insatisfação com aquela conjuntura que a afrontava. Até procurava dissimular sua angústia sorrindo para a zelosa auxiliar de limpeza, um sorriso, sob o ponto de vista de Ana Cláudia, naturalmente forçado, canhestro, fingido.
Enquanto a ajudava a guardar livros e porta-retratos numa caixa de papelão, Ana Cláudia testemunhou a mulher que tantas vezes a levou a interromper o seu serviço apenas para vê-la passar espargindo poder e altivez num corpo belo e perfeito, agachar-se de cócoras num canto ao lado da mesa e desabar num pranto longo e pesaroso. E agora descobre que, ...

QUARTO CONTO
Abandono
Quando abri aquela porta que dava para a rua, a primeira vontade que tive foi de chorar. A segunda foi de sair correndo, tamanho o meu desespero.
Era uma sala ampla, toda branca. Havia alguns sofás brancos, tapetes brancos. Os móveis eram poucos - mas brancos. E toda essa brancura, que alguns poderiam interpretar como paz, serenidade, a mim simbolizava letargia.
O branco do ambiente refletia em cada uma daquelas fisionomias tristes e marcadas pelo tempo. Todos, sem exceção, tinham a pele branca-pálida. De doença talvez? De cansaço? Ou puro reflexo das paredes e da mobília? Balancei a cabeça para tentar achar resposta. Mas o silêncio, somado àqueles rostos que olhavam para mim sem cessar, não me deixavam sequer respirar - quanto mais elaborar respostas a questões tão profundas quanto essa.
O tempo parecia ter parado. Prova disso é que até o relógio de parede não funcionava mais: marcava 10 horas. O tempo todo eram 10 horas.
Mas nenhum dos que estavam ali se preocupava com o relógio, pois há muito tinham perdido a noção de tempo. Dia, mês, ano, hora... Para eles, o tempo simplesmente passava. A vida passava. E me perguntei: por que é assim?
Uma enfermeira chegou para me receber. Rapidamente passei a fazer parte daquele universo: não sabia quanto tempo tinha passado desde que eu abrira aquela porta. Uma hora? Duas? Dez? Ou será que fiquei nesse estado por dias ou meses? Alucinação? Sonho? Mistura de tudo, tudo o que nunca havia sentido na vida.
Ao contrário do que muitos podem estar pensando agora, eu não estava em um hospício. Nem em um hospital. Eu estava em um asilo. Um asilo onde as pessoas estavam exiladas.
O exílio às vezes é espontâneo. Mas, como nas ditaduras, ele pode ser forçado. E era assim com a maioria dos idosos daquele lugar: praticamente todos haviam sido exilados à força. Não tinham mais serventia à sociedade? Pior: não tinham mais serventia à família...
Quem me contou tudo isso foi a enfermeira que me recebeu. Me apresentou, um por um, cada um dos idosos que moravam ali. Alguns haviam chegado fazia poucos meses; outros estavam lá desde que o asilo tinha sido fundado: 15 anos! Cada um tinha uma história de vida diferente, claro. Mas tinham algo em comum: o abandono.
Fiquei particularmente interessada numa senhora muito bem arrumada, de colares grandes, brincos, pulseiras. Estava toda maquiada (batom vermelho sangue, sombra azul, muito rouge). Perguntei à enfermeira sobre ela. Me disse que todos os dias, no horário de visita, dona Josefa se produzia daquele jeito para esperar seus filhos. Ficava na porta do quarto, esperando. E esperava, esperava, esperava. Até que o horário de visita terminava e a enfermeira ia secar suas lágrimas, pois os filhos, mais uma vez, não tinham aparecido. Quem sabe no dia seguinte? Não. Os filhos de dona Josefa nunca foram visitá-la. E, certamente, jamais iriam...
Escrever aqui o conto caso seja longo continuação do de cima: Nunca, na minha vida, vou me esquecer dessa experiência. Nunca vou me esquecer de dona Josefa, que morreu na solidão, sem um filho para abraçar, acariciar. Ela, que os criou sozinha, que os levou ao médico, que cantou para adormecerem. Ela, que ficou sem comer para que não passassem fome, trabalhou em dois empregos, ficou sem dormir. Ela que os amou mais que a própria vida... Pobre dona Josefa. Se eu pudesse, a adotaria como mãe. Teria duas mães. Mas, para ela, não seria igual. Ela precisava de seus filhos. Mas isso... isso eu não era capaz de fazer.

TODOS CONTOS
SERÁ ANEXADO AQUI O E-BOOK COM TODOS OS CONTOS SELECIONADOS

DENTRO DE 45 DIAS E ENVIADO OS PRÊMIOS E CERTIFICADOS AOS SELECIONADOS